segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Maria e o seu Beija-flor



Conto: MARIA E O SEU BEIJA-FLOR
Autor: Sidney Santborg

Essa não é uma ficção é real...
É a história de Maria que na correria do dia a dia se encontrou com o seu amor.
Estava ela atrasada para o trabalho, andando rápido para pegar sua condução. Quando de repente, se deparou com algo que lhe chamou atenção. Era um pássaro, estava todo molhado pelo orvalho, era pequeno, frágil e não conseguia voar. Maria olhou para o alto das árvores, mas nem um ninho conseguiu enxergar... Sensibilizada resolveu levá-lo aos bombeiros, que nada puderam fazer. Então, decidiu seguir o que disseram: leve-o com você e cuide até crescer...
A partir daquele momento começou o cuidado materno de pura dedicação, da flor Maria que alimentava o seu filho com o néctar feito por sua mão. Água de açúcar, sucos de maçã, sucos de pera e tudo para tentar alegrá-lo... E com o passar dos dias ele já a reconhecia e abria o bico quando lhe via para alimentá-lo. O alimento era dado de forma improvisada para deixá-lo livre e independente. Para isso até uma seringa foi necessária, o que deixava Maria feliz e sorridente.
Certo dia ele começou a voar... Não tinha muita habilidade somente fazia pequenos voos. Pois logo sua energia acabava e angustiado piava para Maria buscar... Em outro dia, Maria não conseguiu encontrá-lo e o desespero tomou conta. Muito preocupada chamava seu filho e agora angustiada era ela que começava a piar. De súbito pegou a seringa na mão elevou levemente para cima, mesmo sem tê-lo no campo de visão, começou a chamá-lo de forma carinhosa, como um neném a quem havia concebido. E nesse momento surpreendeu-se  por seu neném vir ao seu encontro para se alimentar. A flor Maria segurava a seringa e o seu colibri já se alimentava com o seu bailado parado no ar.
Maria se emocionou e começou a chorar... Mas ele não estava tão independente, pois cansava com facilidade e era necessária a ajuda de Maria para poder apoiá-lo em sua mão e ele terminar. A flor mãe que já sofria vendo seu bebê voar, já se preparava emocionalmente para o dia em que ele resolvesse a deixar.
E um ensaio aconteceu... Em um dia de calor, seu beija-flor saiu pela janela e resolveu se refugiar em um pequeno arbusto na casa de uma vizinha. Maria sofria, pois parecia que naquele momento ele já não ia mais voltar. Ficou triste, mas tentava entender, só ficava imaginando se ele ia ter força para buscar sobreviver. Tentou desligar-se, mas depois de certo tempo, ela já ouvia o piado do seu filho, que com fome não tinha força para voltar. Maria passou a buscá-lo insistentemente, mas não conseguia vê-lo... Então, resolveu usar o mesmo artifício da seringa, para que onde ele estivesse pudesse vê-la... E funcionou, o pobre colibri tentou chegar até Maria, mas sem energia caiu antes de alcançar sua mãe. O coração da flor mãe chorou e desesperada pediu para os vizinhos ajudarem nas buscas pelo seu bichinho... Depois de alguns minutos conseguiram e ela pôde descansar e alimentar seu filhinho que logo que a viu abriu seu bico e a seringa começou a sugar.
Passado todo esse susto, Maria começou a ter mais cuidado com as janelas, para que ele não voltasse a fugir, pois realmente ele ainda não era capaz de sobreviver sozinho. E fazia de tudo para que ele pudesse se sentir em seu habitat, colocava galhos de árvores dentro de casa, improvisou um ninho feito de palhas e o colocou em uma pequena vasilha que deixava pendurada em um canto especial para ele dormir. Ela tentava de tudo para prolongar aqueles momentos com ele, para que pudesse realmente ficar forte e apto à sobrevivência em seu habitat natural. E estava funcionando, pois a cada dia ela se surpreendia com a sua força, com os seus voos rápidos e com a sua independência... Ele parecia muito confiante, embora ainda fizesse aquele charme de menino carente quando estava com fome, mas isso para Maria era algo que a deixava feliz, pois via o reconhecimento daquele bichinho que outrora tão frágil e agora já se tornara um pássaro forte. Maria se emocionava e as lágrimas rolavam sobre seu rosto com facilidade.
Os dias foram passando e o beija-flor neném já se sentia um beija-flor adulto, mas para Maria ele ainda era aquele bichinho que ela encontrou na rua. E por isso o deixava sempre dentro de casa, solto é verdade, pois tinha liberdade de voar pela casa toda, mas as cortinas sempre estavam fechadas. Em certo dia, Maria estava na sala com a janela aberta, pois cochilava no sofá, seu beija-flor estava a chamando, mas o sono a traiu... Ele saiu do quarto e foi em direção à sala, com aquele piado característico de quando estava com fome. Meio atordoada ela acordou e lembrou-se da janela, ficou com medo e com uma toalha o espantou para a cozinha, mas ele, mais assustado do que ela, saiu pelo basculante da cozinha e Maria chorou.
A tristeza tomou conta de Maria, pois se sentia culpada pelo o que ocorreu... Ela não conseguia compreender que aquele foi o momento em que ele escolheu para dizer adeus, pois embora tivesse ficado como um bichinho doméstico, ele era silvestre e mais cedo ou mais tarde iria buscar seguir o seu caminho. Ela ficava pensando se ele ia conseguir sobreviver sem os seus carinhos, sem o néctar feito por ela, sem a sua seringa, que ela chamava de mamadeira... Ela tentou de todas as formas encontrar seu filhinho. Saiu às ruas com a seringa na mão chamando seu neném, não se importava se estava como uma louca na rua; o que queria era poder ser de novo a flor do seu colibri, queria voltar a ser a flor mãe pra alimentar seu filho, queria a alegria de vê-lo bailando pela casa e principalmente vivo. Pois o seu maior medo era que ele não conseguisse sobreviver.
Por alguns dias Maria ficou sem saber do seu beija-flor, chorou muito e todos os dias sentia a angústia de tê-lo perdido e sofria ainda mais quando imaginava que não estaria vivo. Chegava a colocar a vasilha com o seu ninho de dormir na janela para ele voltar, mas nada acontecia... Até que um dia, Maria voltou a sorrir, pois seu beija-flor neném resolveu visitá-la e tranquilizá-la... Era uma forma de dizer: mãe eu estou bem e estou vivo, não se preocupe. Maria chorou e emocionada agradeceu a Deus pela dádiva alcançada, por ter feito parte da vida de um ser tão especial. Depois disso o Beija-flor neném sempre volta para visitar sua mãe, que emocionada chora de alegria pelo filho amado. História de Maria e o seu amor; história de Maria e o seu beija-flor.

Imagem retirada do blog: http://refugiodosfujoes.blogspot.com.br/2011/02/condinome-beija-flor.html

4 comentários:

  1. Muito bom Signey. Muito bonito o conto. a luta de uma mãe para criar um filho e soltá-lo no mundo ficou bem descrita. Emocionante. Parabéns.

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    1. Obrigado Daniel! Realmente é um momento difícil para uma mãe entender que o filho cresceu e precisa seguir o seu caminho. Mesmo sabendo que ele sempre estará por perto e que nunca a deixará de amar. Forte abraço!

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  2. Oi Sidney

    Adorei a sua estória e engoli seco, pois por dois anos um beija-flor fez ninho num cantinho do meu varal, vi seus dois filhotes nascerem e quando ia chegar perto o beija-flor voava em mim dizendo, esses são meus filhos: eu só queria passar a mão na cabecinha deles e a mamãe beija-flor não deixava.
    Que ninho lindo e pequenino ela fez, depois no outro ano veio refazê-lo, mais dois filhotes. Cresceram e nunca mais apareceram.
    Sinto uma enorme saudade deles. Será que um dia o beija-flor voltará, sempre que saio ao quintal olho o cantinho do varal vazio. Da uma dor no peito.
    Beijos
    Lua Singular

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    1. Olá Dorli (Lua Singular),

      Primeiramente, obrigado pela visita... Sempre muito bom quando recebemos comentários sobre nossos textos e ainda mais, quando o que escrevemos tem sobre o leitor o poder de emocionar. Você sabe, vi que escreves também. :) Pois, acredito que a mensagem foi passada com a mesma emoção que senti ao escrever. E entendo perfeitamente o que sentiu ao ler e relembrar o encanto pelo beija-flor com o ninho no seu varal. Realmente são encantadores! E sei também, porque essa é de fato uma história e aconteceu com minha tia, achei tão interessante que resolvi contar aqui. Quando ele "o beija-flor neném" foi embora, ela chorava muito, sentia a dor descrita por você, mas para felicidade dela, até hoje ele a visita para se deliciar com os sucos preparado por ela. Olha acho que pode voltar sim, pois já voltou uma vez e se sentiu segura. Então, existe essa possibilidade. Bjs querida!

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