quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O Brilho do Pássaro Celestial















Conto: O BRILHO DO PÁSSARO CELESTIAL
Autor: Sidney Santborg

Todo mundo reunido em uma comemoração, muitos amigos ao redor de uma mesa em um quintal iluminado pela lua e decorado por um céu estrelado. A alegria estava ali.
Foi quando de repente, eu olhei para o céu e percebi um bailado de pássaros brilhantes, cujo voo sincronizado lembrava um cardume de peixes tentando confundir e fugir do seu predador. A luz da lua parecia refletir em suas penas que eram prateadas e os faziam brilhar, mas na verdade era um brilho próprio, e não um reflexo.
Fiquei emocionado ao ver aquelas luzes vindo de pássaros no céu, como estrelas cadentes querendo mostrar que sabiam dançar.
Apesar de emocionado, e não menos espantado, quis dividir isso com os demais, apontei para o céu e todos puderam perceber a beleza dos pássaros abençoados e daquela dança celestial.
A alegria de todos diante de algo tão surpreendente era visível, porém se tornou medo quando de repente um daqueles seres se desgarrou dos demais e veio em nossa direção; a maioria correu em uma fuga desesperada, mas eu fiquei... Não tive medo de poder ver de perto algo tão maravilhoso que se estava vindo ao nosso encontro é porque tinha uma razão.
Então permaneci sentado, meio hipnotizado com o que estava acontecendo... Aquele pássaro brilhante chegou e resolveu pousar bem próximo de mim. E como em um filme de efeitos especiais, transformou-se em uma pequena garota de 30 cm e com asas, parecia a miniatura de um anjo. Era tão linda e brilhante, lembrava até uma personagem infantil de um conto de fadas.
De imediato, muitas pessoas ao nosso redor... Foi quando ouvi uma voz suave falando à minha mente, era como se tivesse com algum aparelho no ouvido, pois percebi que ela estava se comunicando comigo através de pensamentos; na verdade, transmitindo seus pensamentos a mim. Eu a ouvi dizer que seu nome era Edwirgens e estava ali porque a alegria daquela comemoração havia chamado sua atenção, naquele lugar existiam pessoas felizes.
Edwirgens ficou ali entre muitas pessoas que a olhavam incrédulas e desconfiadas, mas isso não a assustava e a deixava de certa forma curiosa, pois ela queria conhecer um pouco daquelas pessoas. Não menos curiosas, as pessoas que estavam ao seu redor queriam tocá-la, tiravam fotos e filmavam com seus celulares, só não sabiam que aquelas fotos e gravações não conseguiriam registrar a presença daquele pequeno anjo. Ela me contou que logo que fosse embora sua imagem desapareceria também, não podendo ficar qualquer tipo de registro e isso não dependia dela, era involuntário.
Depois de alguns minutos, ela disse que tinha que ir... De imediato começou a sumir lentamente até desaparecer por completo. As pessoas que viram Edwirgens não compreenderam o motivo da aparição, pois esperavam alguma revelação; algo que pudesse mudar o rumo de suas histórias; dizer algo sobre o fim do mundo; uma mensagem que pudesse causar um impacto tão grande e que pudesse mudar o curso da vida de toda a população terrestre. Decepcionadas, espantadas, confusas e um pouco frustradas foram para as suas casas.
A comemoração havia acabado, eu e minha família permanecemos, pois estávamos em nossa casa. Então todos foram dormir e fiquei pensando em tudo que aconteceu... Mais uma vez fui surpreendido, aquela doce voz estava outra vez em minha mente e assim como sumiu, Edwirgens reapareceu com um brilho mais intenso. Ela me disse que iria permanecer entre nós por alguns dias para poder cumprir o que lhe fora designado. Tentei saber do quê se tratava, mas somente sussurrou ao meu ouvido, “mantenha-se despreocupado, seguindo sua vida normal!”. Ela estaria ali e uma vez ou outra apareceria para me dizer ou perguntar sobre algo. Dito isso, mais uma vez desapareceu...
Por vários dias ela apareceu e desapareceu, mas sempre sentia a sua presença onde quer que eu fosse, parecia que ela queria observar a vida aqui na Terra e os seres humanos, a forma com que se portavam e suas reações diante dos simples acontecimentos do dia a dia.
Nos dias em que Edwirgens estava presente, por incrível que pareça, foram os dias que mais presenciei fatos que me entristeciam. Vi pessoas sendo assaltadas, pessoas se ofendendo e trocando socos e pontapés, tiroteios, pessoas mal-humoradas à beira de um ataque de nervos, pessoas viciadas sendo presas, assassinatos e acidentes. A violência tornava-se manchetes em todos os jornais e noticiários da TV. Tudo aquilo, de uma certa forma, estava me deixando abatido, embora já estivesse acostumado em ouvir e ver esses acontecimentos, que já faziam parte do dia a dia de uma cidade, era como se nunca houvesse visto e me causava um espanto.
Certo dia, ao acordar, verifiquei certo brilho no chão do quarto, de imediato percebi que eram penas brilhantes, havia algumas penas espalhadas por todo o quarto e fui recolhendo cada uma e guardado em um pequeno baú. No dia seguinte, mais uma vez verifiquei outras penas e em uma quantidade maior, novamente recolhi e guardei. Não conseguia compreender o que estava acontecendo, sabia que eram as peninhas de Edwirgens, mas não sabia o porquê. À noite veio a descoberta, ela me apareceu com um brilho diferente do que lhe era característico, suas penas praticamente não existiam, sua forma era de um pássaro com uma pequena penugem esverdeada, brilhava é verdade, porém não aquele brilho de antes.
Assustado com o que estava presenciando, fui buscar o pequeno baú com as penas brilhantes encontradas. Chequei e coloquei próximo a ela, mas me disse que era para eu ficar e guardar comigo. Pediu que eu reunisse todos que estavam na pequena comemoração do dia em que apareceu e assim fiz.
Todos estavam novamente reunidos, não como antes, mas apreensivos e um pouco curiosos, eu havia comentado que Edwirgens havia pedido tal encontro, então todos estavam presentes e com uma expectativa de algo surpreendente.
De repente, ela apareceu... As pessoas se assustaram quando viram como ela estava, era um pequeno pássaro depenado e triste, praticamente sem brilho. Ela pediu que eu colocasse aquele pequeno baú ao seu lado. E por alguns minutos não me disse mais nada, ficou a observar as pessoas... As crianças, que antes se aproximaram para tocá-la, já não achavam interessante e se afastavam. Os adultos se questionavam por que aquilo havia acontecido e tentavam alegrá-la, mas nada parecia fazer efeito. Eu também não sabia e não podia explicar.
Depois do breve silêncio, ela disse à minha mente que abrisse o bauzinho e distribuísse as peninhas para cada um que tivesse ali; e assim fiz, as peninhas que eram agora verdes e brilhantes estavam nas mãos de todos, inclusive na minha... Ela pediu que colocasse junto ao coração e permanecesse por alguns minutos. Eu estava transmitindo as mensagens, mas eu não conseguia compreender o objetivo dos pedidos... Ela só me transmitia e eu, assim como os outros, atendia prontamente.
Naquele momento em que todos estavam com a mão no coração o brilho das peninhas tornou-se mais intenso, fazendo um campo de força entre todos naquele lugar. Um brilho verde, como uma energia, clareou mais forte e o pássaro Edwirgens desapareceu. Aquele campo de energia se desfez e como uma estrela subiu ao céu.
Edwirgens partiu, a luz se apagou, mas deixou a lição dentro de nossos corações, que a esperança não vai morrer se nós acreditarmos; a luz não se apagará dentro de nós se não deixarmos a tristeza e os problemas do dia a dia interferirem na nossa alegria, no nosso humor, pois o mau humor das pessoas tem afastado as luzes que emanam dos seres iluminados que estão entre nós.
As penas verdes do pássaro celestial foram como sementes, chamadas esperança, plantadas no nosso coração e sempre vão brilhar se ouvirmos a voz interior.
De repente, novamente sinto uma luz forte sobre mim, era quente e queimava minha pele, abri os olhos e percebi que era apenas sol adentrando o quarto pela janela, me fazendo despertar. Era de manhã... E então pude perceber que tudo não passou de um sonho.

Imagem: http://www.fotolog.com/dalagnol_/34633502/

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